Toda grande caminhada começa com um simples passo

No tempo da quaresma a Igreja nos convida para uma caminhada na direção da caridade, oração e jejum, afim de bem prepararmos a grande festa da Páscoa e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Quaresma é tempo de fazer deserto. “O deserto é o lugar do silencio e da solidão, onde a pessoa se distancia do quotidiano, onde escapa ao ruído e à superficialidade. O deserto é o lugar do absoluto, da liberdade. As grandes coisas começam no deserto, no silêncio, na pobreza. Nem sequer poderíamos participar na missão do Evangelho sem entrarmos nesta experiência do deserto, do seu despojamento.

O deserto de Jesus não termina com os quarenta dias que se seguiram ao batismo. O seu último deserto será o do Salmo 21, “Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?Será deste deserto que brotarão as águas da vida do mundo”. (Papa Bento). A oração é um impulso do coração, um simples olhar dirigido para o céu, um grito de agradecimento e de amor, tanto nas horas de sofrimento como nas horas de alegria. Em uma palavra, é algo grande, algo sobrenatural que dilata a alma e nos une a Deus. Durante a quaresma também vivenciamos a Campanha da Fraternidade que, nesse ano, tem como tema a Fraternidade e a Saúde Pública. O lema é “Que a saúde se difunda sobre a terra”, conforme está escrito em Eclesiástico 38.

O Evangelho de São Marcos desse ano também está marcado pela ação de Jesus em favor dos doentes dando-lhes novamente, inclusive com o perdão dos pecados, a dignidade e a inclusão na comunidade dos sãos e dos salvos. É curioso que na língua latina de onde surgiu o português, as palavras saúde e salvação têm a mesma origem.

Aqui no Pará vamos assumir três missões como paróquia para esse tempo de conversão. Desejamos reestruturar a Pastoral da Saúde na paróquia, principalmente utilizando as instalações do Centro de Educação, Saúde Ambiental e Reciclagem (CESAR). Esse é um centro criado pela pastoral social para acompanhar os catadores de material reciclável e como referência para práticas ecológicas, alternativas e de desenvolvimento durável e sustentável. Depois queremos acompanhar o Placar da Saúde, com várias iniciativas e práticas saudáveis, tanto da parte do nosso cuidado pessoal, comunitário como do tratamento feito pelo Sistema Único de Saúde. Por fim, iremos conhecer e plantar as farmácias vivas, utilizando as plantas e a medicina natural. Em cada celebração deveremos apresentar no ofertório uma planta e oferecer as suas qualidades curativas e medicinais. Ao final da Campanha vamos reunir todas essas plantas e escrever um Receituário da Vida.

Dizemos que temos confiança em Deus, mas preferimos tomar os remédios dos homens. Muita gente até diz que remédio bom é remédio caro. Deus Pai nos deixou a cura na natureza de forma totalmente gratuita. Deus nos fez grátis, escreveu um menininho da catequese. Muita gente se automedica e fica dando receita para outras pessoas. Em nossas cidades às vezes temos mais farmácias que supermercados, talvez porque estejamos comprando mais remédios que alimentos. Somos analfabetos da natureza. “Jesus passou quarenta dias em absoluta solidão, num coração a coração com o Pai. Somos convidados a estar silenciosos na presença expectante de Deus. A natureza, as estrelas movem-se em silencio. O essencial não é o que possamos dizer, mas o que Deus nos diz e o que Ele diz a outros através de nós. No silencio Deus fala às nossas almas, nele é-nos dado o privilegio de escutar a Sua voz: Silencio dos nossos olhos, ouvidos, bocas, espíritos. No silencio do coração, Deus falará”. (Madre Tereza).

Não sabemos ler as plantas e nem saber para que sirvam. Todas elas têm uma finalidade para o equilíbrio da natureza. O gosto pode não ser tão agradável, mas diz o ditado: O que amarga cura e o que aperta segura. Vamos combater as causas das doenças e ensinar um modo de vida sadio. Está na hora de investir em saúde e não em doenças. As causas principais de tantas doenças são: alimentação errada, intoxicação química e medicamentosa, e problemas psicológicos. Saúde não se compra, do contrário os ricos nunca mais seriam doentes.

Finalmente, quero agradecer a Deus pelas suas bênçãos e por tudo que nos ajudou a fazer e assim podermos receber o prêmio de excelência e estarmos entre os cem melhores secretários de saúde do Brasil. A saúde é um presente da natureza. Ela é dom de Deus e direito de todas as pessoas.
 

Fonte: Padre Carlos Alberto Pinto da Silva