18 de novembro de 2011

Ressurreição ou Reencarnação?

“Creio na ressurreição...”

A fé é um dom, uma graça, uma bem-aventurança. “Felizes, os que crêem sem ter visto” (Jo 20,29). É segurança, certeza. Certeza de que Jesus sendo Deus, não se engana nem nos engana. Fé é salvação. “Tua fé te salvou” (Lc 7,50). “Levanta-te e vai tua fé te salvou” (Lc 17,19).

“Quem crer, será salvo” (Mc 16,16). “Deus preparou àqueles que o amam coisas que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu”. “Se tu creres, verás a Glória de Deus” (Jo 11,40).

O Credo católico, profissão da nossa fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e na sua ação criadora, salvadora e santificadora, culmina na proclamação da ressurreição dos mortos no fim dos tempos, e na vida eterna.

Creio na ressurreição do corpo é um dos artigos do Credo que mais desafia, questiona e indaga o ser humano, especialmente hoje, em uma sociedade ceticista em que se questiona tudo aquilo que foge à razão e à compreensão humana. Hoje, mais do que ontem, o que não é provado, demonstrado, visto, não é objeto de crédito, de fé.

Crer na ressurreição dos mortos foi desde os inícios um elemento essencial da fé cristã. Após a ressurreição de Cristo, tornou-se mensagem central da pregação dos Apóstolos e o testemunho dos primeiros cristãos. Ser testemunha de Cristo é ser “testemunha da sua ressurreição” (At 1,22). A Sagrada Escritura em várias passagens fala da ressurreição como uma realidade. O texto mais antigo é Mc 7,9-14.

Há outros, como por exemplo: Mt 22,23-33; Mc 14,28; Lc 14,14; Jo 5,29 e 11,25 e especialmente Lc 24,1-12 e Jo 20,1-18. Em Atos 4,2 e 4,33, Lucas diz que os apóstolos não só falavam, mas também testemunhavam a ressurreição de Cristo por meio de sinais e prodígios (At 2,14-36 e 3,6-11).

Desde o começo, a fé na ressurreição deparou-se com incompreensões e oposições (At 17,32). Em nenhum ponto a fé cristã se depara com mais contradição do que em torno da ressurreição da carne, diz Santo Agostinho. Aceita-se muito comumente que depois da morte a vida da pessoa humana prossegue de um modo espiritual. Mas como crer que este corpo tão manifestamente mortal possa ressuscitar para a vida eterna? (Cat.Igreja nº 643).

Entre os anos 1995-98, foi feita no Brasil uma pesquisa entre católicos que se confessam, vão à Missa e participam relativamente da vida eclesial. Resultado: mais de 50% acreditavam na reencarnação. Por que esta dificuldade em crer na ressurreição? O Fr. Boaventura Kloppenburg, no livro “Creio na vida eterna” – Ed. Pão e Vinho 2008, p.43, apresenta o resultado de uma pesquisa em nível de mundo. Aceitam a reencarnação 23% de católicos, 21% de luteranos e 12% de não crentes. Tem-se a impressão que as inúmeras vezes de que Jesus falava da vida eterna, não tem encontrado no coração humano, lugar e certeza.

O que é ressuscitar? O Catecismo da Igreja (nº 997), afirma que na morte acontece a separação da alma do corpo. O corpo cai na corrupção, ao passo que a sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera de ser novamente unida ao seu corpo glorificado (veja 1Cor 15,35-58).

Ressuscitarão todos os que morreram. “Os que tiverem feito o bem, para a vida, os que tiverem feito o mal, para o julgamento” (Jo 5,29 Dn 12,2).

O que não é ressurreição?
1. Não é revivescencia, isto é, simples, retorno à vida terrena com uma necessária segunda morte, como aconteceu para a filha de Jairo (Mt 9,11ss); filho da viúva de Naim (Lc 7,11-17) e de Lázaro (Jo 11). Esses milagres, embora chamando novamente à vida pessoas mortas, restituíram o seu corpo à vida humana comum, no espaço e no tempo.

2. Não é simples imortalidade da alma, mas ingresso de todo o corpo de Jesus (e nosso) na vida sem fim.

3. Não é reencarnação, em que se fala de renascimento ou reentrada do homem em uma nova existência terrena mediante a passagem da alma de um corpo para outro por uma série inumerável de vezes.
4. Não é a simples recordação de Jesus e do seu ensinamento, criada pelos discípulos depois de sua morte.

5. Não é criação psicológica dos discípulos, alucinações, visões, mas acontecimento concreto. “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão” (Lc 24,34). Foi o encontro com Jesus ressuscitado que despertou nos discípulos a fé na ressurreição e não o contrário. A ressurreição não foi a consequência, mas a causa da fé dos discípulos. A ressurreição é um acontecimento histórico, porque é atestada concorde e abundantemente pelos diversos escritos do Novo Testamento. Ela constitui o ápice dos quatro evangelistas e o fio de ouro que liga a pregação eclesial desde aquela de Pedro no primeiro Pentecostes (At 2,1ss) até os nossos dias. A ressurreição de Jesus é a resposta de Deus Pai à condenação e ao suplício infligido a Jesus pelos homens. Revela Jesus como “Senhor e Cristo” (At 2,36), “Senhor e Deus” (Jo 20,28) e “Filho de Deus” (At 13,33). Ela ratifica a divindade de Jesus, que como Filho de Deus encarnado, entra na comunidade de amor do Pai com a humanidade ressuscitada. A ressurreição de Cristo completa a revelação suprema do Deus Trinitário.

A ressurreição de Cristo é o conteúdo da fé cristã e o alicerce da nossa esperança. É o fundamento da fé, da vida e da esperança. É o coroamento da história e a confirmação de que a salvação humana é uma realidade e não utopia. É a vitória da vida sobre a morte. Para nós que cremos, ela significa salvação. “Portanto, se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos serás salvo” (Rm 10,9).

Na 2Cor 15,42-44, Paulo apóstolo apresenta as qualidades do corpo ressuscitado, isto é, “como será em sua condição escatológica”.

1. Um corpo “incorruptível” (v 42b), dotado de imortalidade. Será um corpo impassível, isto é, inacessível ao sofrimento e ao envelhecimento (Ap 21,4).

2. Um corpo glorioso (43a), precisamente um “corpo de glória” (Fl 3,21), belo, esplendoroso, como o de Cristo quando se “transfigurou” (Mt 17,2).

3. Um corpo cheio de força ou “potência” (v. 43b). Será, pois um corpo repleto de vigor, saúde, gozo e alegria. Será um corpo íntegro ou completo.

4. Um corpo espiritual (v 44b), isto é, totalmente pneumatizado. Um corpo sutil, não mais submetido às leis do mundo espácio-temporal, libertado de toda a gravidade e totalmente submetido ao domínio do Espírito. Será um corpo omnipenetrante, como o corpo do Ressuscitado, que entra no Cenáculo a portas fechadas (cf Jo 20,19-26). Não será um corpo “fantástico” (Lc 24,39), mas será, sim, um corpo ágil, mais veloz que a luz, tão veloz como o pensamento, como o Ressuscitado, que está em muitíssimos lugares ao mesmo tempo na forma eucarística e em toda a parte sob forma “espiritual” (Mt 18,20; e 28,20). O apóstolo Paulo na carta aos Romanos, (8,18ss), vislumbra muito bem a glória futura que será revelada no tempo e na hora designada por Deus Pai.


Espiritismo e a reencarnação

Teve origem nos Estados Unidos, em 1848, com as irmãs Margarida e Catarina Fox, de 11 e 9 anos de idade, respectivamente. Diziam receber comunicações com o pseudo-espírito de Charles Rosna. Antes de morrerem, em 1888 durante uma entrevista, após grande repercussão, confessaram a fraude, o “truque” para produzir o barulho que a mãe muito “crédula”, atribuiu a um espírito do além.


A Bíblia e o Espiritismo

1. A Bíblia condena veementemente a invocação dos mortos ou suas
   consultas. Veja Lv 19, 31, Lv 20,6; Is 8, 19-20.

2. A Bíblia exorta a não ouvir espíritos enganadores. Veja 1Tm 4,1-2; Gl 1, 8 e 2 Cor 11, 13-14.

3. A Bíblia diz que Deus nos busca, quer fazer comunhão conosco, morada e nos é acessível através de seu Filho Jesus Cristo. Veja Jo 1,14; 4,23; 14,6-11; 14,23 e Hb 1, 1 ; 1,14.


A Bíblia e a Morte
1. Quando a pessoa morre, o corpo volta ao pó (Gn 3, 19) e o espírito volta a Deus (Eclesiastes 12,7).

2. É um fato. O homem está ordenado a morrer uma só vez, depois o que vem um julgamento (Hb 9.27). Na hora da morte, portanto, acontece o julgamento pessoal, particular entre o homem e Deus.


Doutrina espírita

1. O espiritismo apresenta Deus como inteligência cósmica, criadora do universo.


2.  A existência da alma, envolvida num corpo espiritual (perispírito), que após a morte consegue todas as experiências terrenas.


3. A mentempsicose da alma ou reencarnação, através da qual o espírito vai evoluindo gradativamente no plano intelectual e moral, redimindo-se dos erros cometidos em vida.


4. Lei do Karma. Determina os destinos sucessivos do espírito de acordo com os atos que praticou em suas existências.

5. Jesus Cristo. Para o espiritismo, não passa de um espírito evoluído, através de suas sucessivas reencarnações.

6. A salvação decorre não da graça de Deus, mas do esforço pessoal de cada individuo.


Erros da doutrina espírita

1. Não tem fundamentação Bíblica nem científica. É uma invenção das irmãs Fox em 1848.


2. Nega a ressurreição de Cristo e consequentemente a nossa.


3. Nega o sacrifício Redentor de Jesus Cristo, na Cruz, ao dizer que cada um é responsável pela sua purificação.


4. Nega a autoridade das Sagradas Escrituras. Negando a Escritura, o espiritismo nega:

a) A divindade de Jesus.
b) O nascimento virginal de Jesus.
c) O sacrifício expiatório de Jesus no Calvário.
d) O perdão dos pecados.
e) As penas eternas.

5.  Prega a salvação por meio de obras e não por meio da graça de Deus. Veja: 1Cor 1, 21; 15,2;Ef 2,8; 2Tm 2,4.” Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” – 1 Tm 1,15.


6. Negando a divindade de Jesus, está blasfemando contra, ao dizer que Ele é o resultado de uma cadeia de reencarnações.

7. O Espiritismo apresenta-se como a terceira revelação. A primeira foi Moisés, a segunda Jesus e a terceira a doutrina espírita. Leia a carta aos Hebreus, cap. 1,1-4, sobre a grandeza do Filho de Deus encarnado, que o autor Sagrado sublinha neste texto bíblico.


A Igreja Católica e o Espiritismo

O Código de Direito Canônico de 1983 chama de heresia a negação pertinaz, após a recepção do batismo, de qualquer verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela (Can 751).

No Cânon 1364, paragrafo 1, a nova legislação eclesiástica determina que o herege deva ser excluído da recepção dos sacramentos, não pode ser padrinho de Batismo (Can 874), nem de Crisma (Can 892) e não lhe será lícito receber o Sacramento do Matrimônio sem licença especial do Bispo (Can 1071).Também não pode ser membro de associação ou irmandade católica (Can 316).

Em 1953, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil reafirmou as determinações de 1915 e 1948, nestes termos: ”Os espíritas devem ser tratados, tanto no foro interno como no externo, como verdadeiros hereges e feitores de heresias, e não podem ser admitidos à recepção dos Sacramentos, sem que antes reparem os escândalos dados, abjurem o espiritismo e façam a profissão de fé”.

É bom lembrar que o espiritismo kardecista de fato nega quase todo o credo apostólico, opondo-se em pontos essenciais à pregação de nosso Senhor Jesus Cristo, negando, principalmente toda a soteriologia cristã, ou seja, a redenção do homem.

O que a Igreja faz, fez e continuará a fazer, por ser esta sua missão especifica, é recordar o mandamento divino que proíbe evocar os mortos ou outros espíritos quaisquer. Esta proibição vem de Deus, não da Igreja, que não tem autoridade nem competência para modificar ou revogar uma lei, determinação ou proibição divina.

Nunca é demais lembrar que Jesus ensinou e viveu a caridade, sem dispensar nunca a virtude da fé. Em muitos sinais e prodígios que realizava, pedia a fé para que através dela o milagre acontecesse. As últimas palavras de Jesus antes da ascensão ao céu foram: “Ide por todo o mundo, proclamar o evangelho a toda a criatura. Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer será condenado” (Mc 16,15-16).


A título de Conclusão

1. Deus Pai enviou o Filho. E o Filho se fez homem e habitou entre nós, morreu e ressuscitou para nos redimir e santificar; e voltou ao Pai. Mas não nos deixaria órfãos: deu- nos o Espírito Santo, “para que convosco permaneça para sempre” – Jo 14,16. “Ele vos recordará tudo o que eu vos disse” – Jo 14,26.

2. “Cristo ressuscitado é a garantia da nossa ressurreição. Ela é a nossa esperança, o conteúdo central da fé cristã e da pregação apostólica e eclesial” – 1 Cor 15,12-28.

3. É impossível ser cristão católico e espírita ao mesmo tempo. São posições totalmente opostas. O espiritismo afirma que o homem se purifica, se salva pela sua própria reencarnação, ou sucessivas reencarnações. O cristianismo afirma, e tendo como base a Sagrada Escritura, especialmente o novo Testamento, que o homem é purificado, salva-se pela Encarnação, Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, Filho de Deus. Essa é a verdade fundamental, essencial do cristianismo. A maior blasfêmia é negar o valor redentor de Cristo. Dizer que a salvação depende de minhas sucessivas reencarnações e não da redenção realizada por Cristo, é negar e destruir o cristianismo.

O que faz, o que constitui o cristianismo, não é uma idéia, mas uma Pessoa, Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus. Ele é o Caminho, Ele é a Verdade, Ele é a Vida – Jo 14,6;15,1.5-6.


Morte
A Morte entrou no mundo por causa do pecado original. Antes dele os seres humanos viam Deus e o retorno para Deus acontecia naturalmente.

É para nós hoje o momento em que entramos para a plena vida. A morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de misericórdia que Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino e para decidir seu destino último.


Ressurreição

Fundamentada na ressurreição de Jesus é a verdade central da fé Cristã."Para quem crê, a vida não é tirada, mas transformada".

"Como podem alguns dentre vós dizer que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou.

E, se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação e vazia é também a vossa fé. Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram "(1Cor 15,12-14-.20).


Juízo Individual

Na morte dá-se uma iluminação plena sobre nossa vida, que aparecerá então em toda a sua transparência. É a grande "hora da verdade".

Este Juízo realiza-se logo em seguida a morte. Nos colocamos imediatamente diante da verdade do que escolhemos. Conforme Jesus disse ao ladrão arrependido na cruz: “Eu te asseguro que hoje estarás comigo no paraiso…”


Céu e Purgatório

Os que  acolheram o amor de Deus e o vivenciaram estarão conhecendo a alegria da salvação. Este estado de espírito denominamos de céu.

Porém, dificilmente estaremos prontos para fazer parte dele plenamente, pois as consequências de nossas fraquesas podem exigir ainda um certo tempo de purificação chamado de Purgatório.

O Purgatório - Nele experimentamos o sofrimento decorrente do adiamento da visão face a face de Deus . Paradoxalmente, o purgatório é também um estágio de vida cumulado de alegria... Com efeito, esta jorra da consciência que a alma tem, de que pertence ao amor de Deus de modo irrepreensível. Deve-se mesmo dizer que a alma no purgatório não deseja evitar este estado, pois reconhece que o mesmo é um Dom da misericórdia de Deus, sem o qual poderia atingir a sua consumação.


Inferno e Purgatório
Não é Deus quem condena, mas o ser humano é quem se condena rejeitando Deus.  Por sua própria escolha o homem decide de afastar de Deus e este distanciamento é exatamente a experiência essencial daquilo a que se dá o nome de ‘inferno’. O sofrimento experimentado ai é justamente a ausência do amor que negamos acolher e viver e para o qual fomos criados.


Juízo Final
No juízo final, o julgamento será definitivo – depois dele haverá, somente, Céu e Inferno. O mundo, como matéria, certamente acabará. Mas quando e como será o fim do mundo, não sabemos. "Nem os anjos sabem". Neste momento será fechada finalmente a página da história de cada um e recuperaremos nossa idadentidade na ressurreição da carne. Será o momento chamado de Parusia: a segunda vinda de Cristo.


Fontes:
1. Bíblia Sagrada
2. Documentos Oficiais do Magistério da Igreja Católica.
 

Fonte: Pe. Venceslau Nieckasz

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